Peço imensas desculpa para só estar a postar agora a continuação mas é que eu tenho que escrever todos os capítulos à mão antes de os passar para o computador e revisar todo o conto e isso anda demora. Pare além disso, estive cheia de testes.
Desculpem!
Espero que gostem! :)
- Suponho que seja normal, só tinhas quatro anos na última
vez que nos vimos. – Responde ele nada ofendido com a maneira com que eu falei
com ele.
- Deve ser isso. – Respondo envergonhada.
Não tenho de que me envergonhar! Até à dois segundos atrás
ele estava a ser sarcástico e a falar mal da minha mãe.
Nesse momento Mimi entra na cozinha com uma camisola na mão:
- Marie, podes cozer-me… - Ao reparar no meu pai e em
Christopher interrompe-se: - Desculpem, não sabia que tínhamos visitas. – Diz
olhando para mim admirada.
Tenho a certeza que ela não os reconheceu, tinha apenas dois
anos na última vez que viu o nosso pai. A nossa mãe nunca nos mostrou uma
fotografia dele, dizia que ele tinha deixado de ser nosso pai a partir do
momento que arranjou uma amante. Esta não é a minha opinião mas ela nunca me
perguntou o que eu achava sobre este assunto.
Sei que vou ter que lhe contar quem é, mas não quero. Por
alguma razão a minha irmã sempre nutriu um certo ódio pelo meu pai mesmo que se
esforçasse ao máximo para o esconder, ela sabia que eu ainda o amo.
- Senta-te aqui, Mimi. – Digo indicando a cadeira ao meu
lado. Depois de uma breve hesitação, ela sentou-se a minha beira e eu
apresentei-a (como se eles não se conhecessem todos!):
- Estes são o Pierre e o Christopher.
- Pierre? – Repete Mimi desconfiada. Depois abana a cabeça
negativamente e com uma calma lógica que só ela consegue, diz: - Não, não pode ser
o Pierre que eu estou a pensar, esse nunca apareceria cá em casa.
O choque cobre o rosto do meu pai e eu compreendo-o. Depois de
ser tão bem recebido por mim ele nunca esperava que a minha irmã tivesse tanto
ressentimento dentro dela, ao ponto de não aceitar a sua identidade.
- É esse mesmo Pierre. – Digo suavemente, ela acreditou em
mim, afinal nunca lhe tinha mentido. A sua expressão não se alterou nem um
bocado com a confirmação do que ela mais temia (ou esperava, não tenho a certeza).
- O quê que estás aqui a fazer? – Pergunta ela ainda calma, parecia
que nada daquilo a afetava diretamente.
- Vim ver as minhas filhas. – Respondeu o meu pai,
simplesmente. Mais uma vez Christopher ocupou a posição de espectador. Fiquei a
olhar para ele e de repente tive um vislumbre dele em criança, pelo menos eu
achava que era ele, já que ele me tinha dito que éramos inseparáveis quando crianças.
Estávamos a brincar num lago abeira da minha casa de infância, eu estava a
rir-me muito enquanto ele atirava-me água para a cara com um enorme sorriso
matreiro no rosto. Continuei a observá-lo na esperança que mais daquelas
alegres e escassas memorias de infância voltassem, mas não me lembrei de mais
nada. Ele olha para mim e ao percebe que eu o estou a observar sorri e pisca-me
um olho. Um arrepio sobe pela minha espinha acima e eu desvio o olhar. Sinto-me
nervosa a volta dele e isso nunca me tinha acontecido.
- Agora? – A réplica da minha irmã traz-me de volta a
realidade. – Depois de 14 anos? Depois de 14 sem nos mandares uma carta ou nos
telefonares sequer uma vez? – Ela conseguiu parecer calma e indignada ao mesmo
tempo e eu fiquei admirada, não é algo que se consiga fazer assim tão
facilmente. – Sabes o que é um telefone certo? – E por fim a ironia, penso,
esta sim é realmente a minha adolescente irmã, com todo que a de bom nesta época
da nossa vida: hormonas aos saltos e mau feitio.
- Eu mandei-vos uma carta. – Diz. – Após o divórcio voltei a
contratar o detetive para vos encontrar outra vez. – Esclarece e olha para mim
a procura de apoio.
- O quê? – Pergunta Mimi desconsertada, nunca lhe tinha
passado pela cabeça que o nosso pai tivesse tentado encontrar-nos. Ate aos seus
7 anos de idade a minha irmã não parava de falar do nosso pai, passava a vida a
perguntar-me como é que ele era e quando é que ele nos vinha buscar, eu
respondia-lhe sempre que ele viria um dia. No dia do pai do ano em que ela
completaria sete anos toda a sua curiosidade pelo nosso pai desapareceu, quando
voltou da escola nesse dia vinha triste e com os olhos inchados de chorar e
quando lhe perguntei o que se tinha passado recusou-se a dizer-me. Nunca soube
o que se tinha passado naquele dia mas sempre imaginei que tivesse ouvido alguém
a falar de nós. Depois disto o nome do nosso pai nunca mais foi mencionado por
mim ou Mimi ou mesmo a minha mãe, dentro ou fora de casa, sempre que eu tentava
tirar mais alguma informação a minha mãe sobre ele, ela apanhava um bebedeira
ainda maior das que costumava apanhar e rapidamente desisti de tentar.
Rapidamente expliquei-lhe o que o nosso pai tinha contado
até agora. Mimi manteve-se em silêncio o tempo todo e toda a calma que antes
que se pode observar nela voltou mas quem a conhecesse podia perceber que aquilo era
só uma mascara.
- O resto é o pai que tem que contar. – Digo.
- Continue. – Diz Mimi, um pouco de esperança soou na sua voz
mesmo sem ela querer.
- Eu mandei-vos uma carta meio ano depois do divórcio. O
detetive encontrou-vos um mês depois de vocês se terem mudado mas nesse tempo a
tua mãe já tinha conseguido pedir a vossa custódia, conseguiu provar que eu era
violento e, por isso, nem eu vos podia visitar nem vocês a mim. – Diz. – Sinceramente,
nunca percebi como é que ela conseguiu, quando tentei perceber disseram-me que
ela tinha arranjado uma testemunha que tinha que permanecer anónima e que era extremamente
confiável.
- Continuas o mesmo idiota de à 14 anos atrás. – Ouço a voz
da minha mãe falar e percebo logo desde o início que ela esta muuiiiitttoooo bêbeda,
como já é normal. Sinto-me envergonhada mas não há nada que eu possa fazer.
- Foi a puta da tua mãe que testemunhou contra ti e também foi
ela que me contou do teu caso com a puta da mãe desse ai. – Diz apontando para
Christopher, olho para ele, vejo-o a ficar rígido e percinto os problemas a
chegarem.
Comentem!!! :)
- Katra