Boa noite. Esta noite trago um poema de Miguel Torga.
Meu coração tem quantos versos quer;
É só pulsá-los com medida e rumo.
É só erguer-se a pino a um céu qualquer,
E desse alado azul cair a prumo.
Logo se desvanece o negro encanto
Que os tinha ocultos no condão da bruma;
Logo o seu corpo esguio rasga o manto,
E mostra a humanidade que ressuma.
Mas quanto ele sangra para os orvalhar
De ternura, de sonho e de ilusão,
São outros versos... para segredar
A quem é seu irmão.
- Miguel Torga in Diário (1943)
Beijos,
-F