Aurora já tinha ido à uma semana para a Madeira, e Ana
estava a dar-se muito bem no trabalho apesar de só estar sozinha á uma semana.
Muita coisa tinha mudado, no último mês, em Ana. Quem a
tivesse conhecido no mês passado não a reconheceria atualmente. Não que já
tivesse superado de vez a morte de Rodrigo apenas tinha percebido que ia
continuar viva, quer Rodrigo vivesse ou não. Não era suicida, logo matar-se nem
lhe passou pela cabeça embora muita gente possa ter pensado que seria esse o
seu fim.
A primeira coisa que fez ao perceber que ia continuar viva, foi
uma mudança completa de visual: cortou o cabelo pelos ombros, pintou-os de
castanho e mudou o seu estilo de roupa. No fim desta mudança sentia-se muito
melhor, pensou que, se ia começar de novo, deveria começar em todos os sentidos.
Apesar desta mudança, Ana prometeu a si mesma não voltar a
amar pois sempre que o fazia essa pessoa morria e saia para sempre da sua vida. Concluiu então, que iria passar o resto da sua vida sozinha. Esta ideia não lhe
agradava nem um pouco, por isso, Ana resolveu realizar um dos seus maiores
sonhos: ter um filho.
Para isso marcou uma consulta com Adam para que ele pudesse
aconselhar-lhe uma clínica, afinal ele era amigo da família, mesmo assim não
sabia que não seria fácil para ninguém aceitar essa ideia.
*****Adam*****
Adam franziu o sobrolho ao ver Ana entrar no seu
consultório. Não a via desde o jantar em casa de Aurora depois do acidente de
Ana. Aurora tinha voltado a convida-lo para ir lá jantar, mas Adam preferiu dar
tempo a Ana para se adaptar à sua nova vida, além disso, tinha percebido que
Ana se sentia desconfortável à sua volta.
- Bom dia, Ana! – Cumprimentou ele. – Estás doente?
- Bom dia. – Respondeu. – Não, não estou doente. Preciso de
um concelho.
- Um conselho? – Perguntou Adam espantado por ela ter ido
ter com ele a procura de conselhos. – Sobre o quê?
- Quero ter um filho e gostaria que me aconselhasses uma
clínica de inseminação artificial. – Quando acabou a sua explicação olhou para
a cara de Adam e começou-se a rir.
Adam estava totalmente incrédulo, de todos os assuntos,
aquele seria o último que ele esperava que ela falasse.
- Porquê inseminação artificial? – Perguntou ele assim que
se recuperou do susto. – Porque não esperas encontrar alguém com quem queiras
ter um filho? Ainda és muito nova para pensar numa coisa assim tão drástica.
- Eu não posso voltar a amar nenhum homem.
- Porquê?
- Não posso perder mais ninguém. – Respondeu simplesmente.
Adam compreendia-a mas ela era muito nova para considerar aquilo como algo
definitivo.
- Não podes fazê-lo. Pelo menos, não já. A morte de Rodrigo
ainda é muito recente para ti, tens de esperar pelo menos mais um ano para teres
a certeza que estás a tomar essa decisão racionalmente. – Tentou-lhe explicar
Rodrigo.
- Tu não estás a perceber! – Disse ela, a sua voz continha um
pouco de desespero. – Eu preciso desse filho! Eu não posso voltar a estar
sozinha.
- Tu não estás sozinha, tens a Aurora e tens-me a mim. –
Respondeu-lhe Adam.
- Aurora está na Madeira e eu mal te conheço. Pelo que eu
sei sobre ti podias ser um serial killer. – Adam manteve-se calado durante um
momento a considerar tudo aquilo. Ela tinha razão eles mal se conheciam mas ele
não podia deixa-la fazer uma estupidez tão grande. Precisava de ganhar tempo.
- Espera dois anos antes de fazeres isso.
- Não posso esperar tanto tempo.
- Um ano então. Eu prometo que fico contigo durante esse
tempo. – Prometeu Adam.
- Eu não preciso da tua pena. – Comentou Ana com raiva.
- Não é pena. Eu queria que nos tornássemos amigos antes, mas
tu não parecias muito bem para fazer novas amizades. – Disse Adam. – Eu não
poderia deixar de querer ser teu amigo depois da maneira como fizeste o meu
melhor amigo feliz.
Ana avaliou-o durante
um longo, longo tempo e, por fim, disse:
- Está bem. Um ano e nem mais um dia. – Sorriu triste e
acrescentou: - Vamos ver se me aguentas durante tanto tempo. – Levantou-se da
cadeira e dirigiu-se para a saída.
- Ana. – Chamou Adam. Ele estava contente por ter conseguido
que ela mudasse de ideias. – Amanha queres ir jantar comigo?
- Pode ser. – Respondeu. Adam sabia que não ia ser fácil
conseguir a sua confiança ou afeição, não depois que ela tinha admitido que não
queria sofrer mais, mas ele sabia que não ia desistir. Ela ia ter que acabar por
ceder e ele ia mostrar que nem toda a gente vai embora.-Katra
Sem comentários:
Enviar um comentário