terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ops.... Irmão errado!

Desculpem nao ter postado antes nao tive tempo.


Sentada na cadeira da minha varanda, esperava o meu, sempre atrasado, namorado. Nunca consegui perceber como é que ele se atrasa tanto considerando o facto que ele mora mesmo ao meu lado. O meu melhor amigo é irmão do meu namorado e eu já percebi que ele sabe alguma coisa mas sempre que eu lhe pergunto o quê que ele sabe recusa-se a responder-me.
Pego no telemóvel e vejo que ele já esta meia hora atrasado. Levanto-me da cadeira e vou para o meu quarto, ligo o computador e entro no msn e encontro a pessoa que quero online.
Catarina: Olá! Preciso de falar contigo urgentemente.
Ângelo: Olá! O quê que se passa?
Catarina: Quando cá chegares vês… ;)
Ângelo: Ok, estou a caminho. Até já.
Sai do msn e foi para a cozinha esperar pelo meu melhor amigo. Quando ouço a campainha tocar ainda tenho esperanças que seja Henrique apesar de saber que não é ele.
- Olá! - Diz Ângelo assim que lhe abro a porta. Como sempre ele foi um doce comigo. Ele sempre foi assim, acho que é por ter pena de mim por gosto do irmão dele.
- Olá! - Respondi-lhe a sorrir. – Precisamos de falar. – Digo-lhe.
- Deixa-me adivinhar sobre o quê: Henrique. – Disse sorrindo tristemente. Abanei com a cabeça afirmativamente, ultimamente tenho insistido muito com esse assunto.
- Já sabes no quê que vai dar esse assunto. – Respondeu-me ele. – E não me apetece discutir contigo hoje.
- Não precisamos de discutir se tu me contares aquilo que sabes. – Disse lhe eu esperançosa.
- Tu sabes que eu não tenho nada para te contar. – Respondeu ele teimosamente. Ele entrou na minha casa e fomos para o meu quarto. Quando lá cheguei, sentei-me na minha cama e perguntei-lhe:
- O teu irmão anda atrair-me, não anda?- Perguntei-lhe muito tranquila mas Ângelo conhece-me há muito tempo e sabia na verdade eu não estava nada tranquila. Por uns segundos Ângelo não disse nada mas depois pareceu chegar à conclusão que seria melhor dizer a verdade então sentou-se a minha beira na cama e disse, simplesmente:
- Sim. – Uma única lágrima escorreu-me pela cara abaixo mas eu não ia deixar mais nenhuma seguir o mesmo caminho (ou pelo menos ia tentar) por duas razões: a primeira era que eu ainda não tinha acabado de falar com Ângelo e a segunda é que se realmente isso é verdade ( e eu sabia que era, afinal Ângelo seria incapaz de me mentir), Henrique não merecia sequer uma lágrima minha.
Ângelo assistia ao meu debate interno sem mexer um músculo sequer como se não quisesse interromper alguma decisão importante que eu estivesse a tomar.
- A quanto tempo é que tu sabes? – Perguntei-lhe por fim.
- Há, mais ou menos, quatro meses. – Respondeu-me ele contrariado, como se não fosse essa pergunta que ele estava a espera que eu fizesse. Não me sentia traída apenas pelo Henrique mas também pelo meu melhor amigo por não me ter contado que apenas um mês apos eu ter começado a namorar com o irmão dele, ele já andava com outra.
- Porquê que não me contaste? És o meu melhor amigo achei que me ias contar sempre a verdade. – Disse eu. Ele olhou para mim envergonhado.
- Eu não achei que fosses acreditar em mim. Estavas completamente iludida por ele. – Justificou-se Ângelo. Ele tinha um pouco de razão, eu estava mesmo iludida com o irmão dele mas também não acho que não fosse acreditar nele, afinal sempre conheci melhor o Ângelo do que o Henrique. De qualquer maneira preferi não lhe responder e comecei a chorar e soluçar como uma idiota. Ângelo encostou a minha cara ao sei peito e não disse nada, apenas acariciou-me o cabelo para me confortar.
Ao fim de algum tempo, finalmente, consegui recompor-me, limpei as lagrimas e afastei a cara do peito do Ângelo.
- Desculpa. – Disse eu, ele olhou para mim confuso e eu expliquei-me: - Por estar a chorar em cima de ti.
- Não tens que te desculpar.
- Tenho sim, eu sei que tu odeias ver quem quer que seja a chorar. – Disse. Ele deu-me um beijo na testa e abraçou-me.
- Eu não gosto de ver ninguém chorar mas se tens que chorar no ombro de alguém prefiro que seja no meu. – Disse-me ele com a boca algures no cimo da minha cabeça.
Eu tinha a cabeça pousadas na barriga dele e percebi que ele tinha uma tablete de chocolate bem interessante. Eu já o tinha visto muitas vezes sem camisola mas nunca tinha reparado nisso, na realidade, nem sei porque reparei nisso agora, quer dizer, acabei de descobrir que o meu namorado me trai e em vez de estar furiosa com ele, estava a reparar em como o irmão dele tinha uma boa tablete de chocolate.
Nesse momento ouvi uma batida na minha porta e olhei para Ângelo, sobressaltada. Esperava que não fosse o irmão dele. Levantei-me e foi para a cozinha para abrir a porta a quem quer que fosse. Ângelo foi comigo.
Henrique estava parado a frente da porta e quando viu Ângelo atras de mim sorriu maliciosamente. Ângelo estava com os punhos apertados e com uma expressão furiosa no rosto.
Desde o princípio que Henrique não gostava do facto de Ângelo ser meu melhor amigo, no início tentou que eu deixasse de falar com Ângelo mas eu recusei-me a faze-lo. Ângelo foi o primeiro amigo que fiz, quando me mudei para aquela cidade. Nunca percebi bem porque que eles discutiam tanto nos últimos tempos. Agora já sabia porquê. Ângelo queria que Henrique me contasse a verdade e quando este recusou, Ângelo ficou zangado com ele. Alem disso quando me recusei a deixar de falar com Ângelo contribui mais um pouco para que o ressentimento entre eles os dois aumentasse, pois ao recusar fazer o que ele queria, contrario ao que sempre fazia, o ego de Henrique sofreu um choque, ele achava que me conseguia manipular para fazer sempre o que ele queria mas percebeu que as coisas não eram bem assim quando se tratava de Ângelo. Ângelo é a pessoa que mais amo no mundo a seguir aos meus pais e, antes, a Henrique. Depois do que Henrique me fez ia ser excluído totalmente da minha mente, se não agora, assim que pudesse, não ia deixar que ele me distraísse, além do mais sabia que podia contar com a ajuda de Ângelo.
Os irmãos olharam-se com dureza durante mais alguns segundos e, depois, resolvi que seria uma boa ideia meter-me no meio, não queria ser a causa de mais uma discussão deles.
-Precisamos de falar Henrique. – Disse-lhe pondo-me no meio deles os dois.
Ainda com uma expressão dura Henrique, finalmente, olhou para mim e viu os meus olhos vermelhos e inchados.
-Sobre o quê? – Perguntou-me ele desconfiado.
Antes que eu pudesse responder-lhe Ângelo fê-lo.
– Ela descobriu o teu duplo jogo. – A voz dele estava carregada de ódio e sarcasmo e eu, ao mesmo tempo, perguntava-me quando é que todo aquele ódio tinha começado e eu nem sequer tinha dado por isso, uma zanga era uma coisa mas havia verdadeiro odio na voz de Ângelo, nunca o tinha ouvido falar assim com ninguém.
Fazendo-se de inocente Henrique perguntou.
– Que jogo duplo? - Desta vez quem lhe respondeu fui eu, olhei bem fundo naqueles olhos verde-esmeralda e respondi com o maior nojo que consegui juntar.
– O de andares comigo e com mais quatro ou cinco ao mesmo tempo. – Por um momento Henrique não disse nada e depois desatou a rir.
Olhei para ele sem acreditar como é que ele se podia rir daquela maneira!
-Deixa-me adivinhar, foi o meu irmão que te disse isso, não foi? – Perguntou-me cheio de desdém enquanto olhava para Ângelo.
-Não. – Repliquei, pois não queria arranjar problema para Ângelo.
Henrique riu-se novamente, sarcástico. – O teu esforço foi lindo mas eu tenho a certeza que foi ele que te contou.
Ângelo não dizia nada, mas eu sabia que os punhos dele estavam apertados à volta do corpo, sabia que apesar do esforço para se controlar, Ângelo estava prestes a explodir. Para lhe dar tempo para se controlar, disse a Henrique que entrasse e fomos todos para a cozinha. Em silêncio, dei uma cerveja a Henrique e outra a Ângelo. Sentei-me á mesa abeira deles com um sumo na mão e fiquei à espera que Henrique quisesse continuar a discussão.
-Sabias que o meu irmão é apaixonado por ti desde sempre Catarina? – Comentou Henrique como se nada fosse depois de beber dois goles de cerveja.
Totalmente em choque olhei para Ângelo e vi que a raiva que ele tinha conseguido controlar, voltar a borbulhar na superficie, depois olhei para Henrique e vi a satisfação estampada no seu rosto de anjo.
-Estás a mentir. – Declarei com um leve tom de pânico na voz.
Não podia deixar de reparar que Ângelo nem sequer tentou contrariar o irmão e isso deixava-me preocupada.
-Estou? – Perguntou-me ele a sorrir maldosamente. – Então segue o meu raciocínio.
 Antes que ele pudesse continuar, Ângelo levantou-se muito rápido da cadeira e ela caiu ao chão, os seus olhos soltavam chispas de raiva e com a voz dura e fria disse:
 – Não tentes arranjar desculpas para a merda que fazes e principalmente não me metas no meio! – De olhos arregalados acompanhei a explosão do meu melhor amigo, sabia que ele de vez em quando tinha este tipo de explosões mas nunca tinha presenciado nenhuma. Normalmente Ângelo preferia acalmar-se num saco de boxe, fora do olhar de toda a gente, só eu sabia que ele fazia isso, ele não queria que ninguém conhece-se a sua fraqueza: um temperamento explosivo.
Apesar de tudo Henrique continuava a sorrir. – Então maninho, só te estou a fazer um favor, depois de tantos anos não achas que já é tempo de lhe contares? – Perguntou ele sarcasticamente.
-Aquilo que eu acho ou deixo de achar não te interessa. – Respondeu-lhe Ângelo ameaçador. – Faz um favor a nós dois, mete-te nos teus assuntos e deixa-me em paz para resolver os meus. – Eu assistia á discussão muito calada e sem já nem entender nada. Porquê que Ângelo não desmentia Henrique em vez de desviar o assunto.
-Desculpa maninho, mas a Catarina tem de saber que tu inventaste que eu andava a traí-la porque estás apaixonado por ela. – Retrucou Henrique sem dó nem piadade.
Percebi no olhar de Ângelo o que ele ia fazer segundos antes de ele fazê-lo e a única coisa que pude fazer foi berrar antes de ele acertar com o punho no nariz de Henrique.
Levantei-me de um salto da cadeira e ia ajudar Henrique mas Ângelo agarrou-me o braço e puxou-me para a beira dele.
 – Vai embora Henrique. – Pediu Ângelo com a voz mais controlada possível. Com a mão no nariz, Henrique ainda tentou protestar mas ao ver a cara de Ângelo mudou de ideias e virou as costas para ir embora.
Mal ouvi a porta a bater recebi uma mensagem no telemóvel, era Henrique e dizia:
“Quando perceberes que eu é que estou a dizer a verdade vem ter comigo e já agora não demores muito, não vou esperar para sempre.”
 Quando acabei de ler a mensagem ouvi um grunhido de Ângelo. Não disse nada, só conseguia pensar no que Henrique tinha dito sobre Ângelo. Sentei-me numa cadeira e apontei para a cadeira a minha frente.
 – Senta-te. Precisamos de conversar. – Ordenei-lhe com voz cansada. Sem protesto algum, Ângelo sentou-se. Era uma ação estranha para um rebelde declarado mas ele já tinha percebido que eu estava perturbada. – O que Henrique disse é verdade? – Inquiri sem quaisquer rodeios, novamente, estava demasiado cansada para andar com rodeios.
-Sim. – Respondeu ele direto.
Sem saber porquê comecei a chorar como uma desalmada, ao ver-me assim Ângelo ficou extremamente assustado e sem saber o que fazer. Lembrei-me que antes, quando tinha chorado, ele não parecia tão assustado, talvez fosse por desta vez não saber o porquê de eu estar a chorar ou talvez fosse  por, muito provavelmente ,desta vez a razão do meu choro ser ele, de qualquer maneira Ângelo veio para a minha beira e abraçou-me. Com a cara no peito dele interroguei. – Porquê que nunca me disseste nada? – Realmente não conseguia perceber o porquê de ele nunca ter me contado, sempre tínhamos sido tão amigos.
Ângelo demorou tanto tempo a responder que achei que não o fosse fazer. Ele pegou no meu queixo e puxou-o até que os nossos olhos se encontrassem e depois começou a falar.
 – Quando te conheci apaixonei-me imediatamente por ti mas tu já estavas apaixonada pelo meu irmão. – Sorrindo tristemente ele continuou. – Lembraste como nos conhecemos? Tu tinhas acabado de te mudar para cá. Tinhas dez anos e eu, onze, foste a minha casa às escondidas para enviar uma carta de amor ao meu irmão, apanhei-te e tu ficaste extremamente envergonhada. Parecias tão adorável.
Ângelo fez um a pausa e eu decidi continuar, lembrava-me muito bem daquele dia, como me poderia esquecer? Foi o dia em que conheci uma das pessoas mais importantes da minha vida.
 – Perguntaste-me o que eu estava a fazer e eu pedi-te para não contares nada a ninguém quase a chorar, depois abraçaste-me, levaste-me para a casa da árvore e de uma maneira muito meiga e gentil obrigaste-me a contar-te tudo. – Terminei.
- Menti-te. - Confessou. - Disse-te que o meu irmão tinha namorada e disse-te para o esqueceres, mas na verdade ele não tinha namorada. A partir daí nunca mais deixei que te afastasses de mim pois já estava irremediavelmente apaixonado por ti.
-Isso não responde á minha pergunta. – Informei-lhe eu tentando manter-me focada.
- Nós eramos amigos e eu sabia que se te contasse tu iriaste afastar e eu não poderia suportar isso. – Afirmou, olhei para ele durante uns segundos, por fim abracei-o novamente e recomecei a chorar pois sabia que ele tinha razão.
Não sabia o que fazer nem o que pensar, ainda não conseguia acreditar que o meu melhor amigo me amava, como um homem ama uma mulher e não como um amigo ama uma amiga. Sabia que ia ter que me afastar dele pois eu não o amo da mesma maneira. No entanto, só de pensar em afastá-lo de mim doía no mais profundo de mim, sentia-o quase como uma dor física. Ângelo pousou o queixo em cima da minha cabeça.
 – Promete-me que mesmo não correspondendo ao meu amor não te vais afastar de mim. – Ao ouvir o tom suplicante com que ele pedia isso, todos os meus pensamentos de me afastar dele desapareceram, nunca o tinha ouvido usar aquele tom de voz.
- Eu prometo. – Prometi num sussurro emocionado com a cabeça ainda no peito dele. Senti Ângelo ficar mais relaxado contra mim. Ele sabia que eu respeitava sempre as minha promessas.
Minutos depois afastando um pouco dele, Ângelo disse-me:
 – Vou embora, tu precisas de pensar, certo? – Dando-me um beijo na testa, ele afastou-se de mim e começou a ir na direção da porta de saída. Fui atrás dele. Abriu a porta de saída e virou-se para mim para se despedir mas algo mudou, pode notar no olhar dele um pouco de desespero. – Desculpa, mas já não consigo resistir mais. – Puxou-me para ele e beijou-me nos lábios com muita ternura e amor. Antes que pudesse pensar o que estava a fazer correspondi-lhe ao beijo e abracei-o incentivando-o a continuar com um gemido. O beijo passou de contido e cheio de amor para explosivo e cheio de paixão. Passado um bocado ouviu-se outro gemido e eu soube que tinha sido meu, isso fez-me acordar e afastar-me dele. No fim encostei a minha testa no peito dele e esperei que tanto a minha respiração como a dele normaliza-se. Com a testa encostada ao peito dele pude perceber que o seu coração batia muito mais rápido que o normal e finalmente comecei a perceber que ele amava-me verdadeiramente e talvez eu também o amasse, afinal nunca tinha sentido o que senti ao beijar Ângelo.
O que senti ao beijá-lo não se comparava minimamente ao que sentia ao beijar Henrique. A primeira pessoa que tinha beijado na vida tinha sido Henrique e, como sempre tinha sido apaixonada por ele, esperei que fosse ótimo, maravilhoso e todas essas coisas que os livros descrevem mas a verdade é que passei achar que beijos eram nojentos, não gostava nem um pouco de beijar Henrique. Admito que era infantilidade minha parte esperar que o que era descrito nos livros acontecesse, afinal os escritores tinham de escrever as coisas de maneira mais atrativa possível para conseguirem vender as suas histórias. Esta era uma verdade a que já estava habituada, mas o beijo de Ângelo abalou toda essa realidade, eu realmente gostei de o beijar e a última coisa que me passou pela cabeça foi a palavra nojo, em realidade não me passou absolutamente nada pela cabeça estava completamente focada no toque da sua boca na minha, no seu sabor.
Ao beijar Ângelo senti tudo o que deveria ter sentido ao beijar Henrique, senti tudo o que não deveria ter sentido ao beijar o meu melhor amigo, beijá-lo deveria ter sido como ter beijado um irmão, mas foi mais como beijar o meu príncipe encantado.
Tão distraída estava nas minhas divagações que só quando Ângelo me largou é que percebi que a sua respiração e pulsação já tinham voltado ao normal, então muito relutante afastei-me dele. Relutante porque neste momento só me apetecia esconder a cabeça no peito dele e esquecer de toda aquela confusão, entregar-me, simplesmente, a todos os novos sentimentos que tinha descoberto.
-Eu… vou embora e vou deixar-te pensar sobre… tudo o que aconteceu hoje. – Ângelo hesitou um pouco antes de fechar a porta e ir embora. A minha expressão devia ser mesmo engraça para ele hesitar.
Completamente esgotada emocionalmente, decidi ir para o meu quarto e dormir um pouco antes de pensar naquela tarde.
Duas horas depois a minha mãe acorda-me preocupada. – Estás doente filha?
-Não. – Respondi-lhe ainda com uma voz preguiçosa por causa do sono.
 -Então? Tu nunca dormes durante a tarde, mesmo em criança não o fazias.
-Só estava cansada. – Disse-lhe, como vi que ela estava realmente preocupada e não tinha ficado muito convencida, acrescentei: – Acabei com o Henrique. – Bom, não era uma verdade, mas depois do espetáculo anterior ele com certeza já não era meu namorado mesmo que eu não lhe tivesse dito com todas as letras.
-Oh! Compreendo, meu amor. – Disse a minha mãe com uma expressão conhecedora. – Eu sabia que mais tarde ou mais cedo isso ia acontecer.
-Sabias como? – Perguntei-lhe sentando-me na cama já totalmente acordada, aquilo despertou a minha curiosidade.
-Percebi desde o princípio que o Henrique andava contigo só para irritar o irmão, até me admirei por o namoro ter durado tanto. Devo dizer que tenho o Ângelo em grande consideração pelo autocontrolo dele. – A minha mãe terminou o seu pequeno discurso deixando-me ainda mais perdida no meio daquela conversa.
-Autocontrolo? – Perguntei. – O que queres dizer com isso? - Era impossível que a minha mãe soubesse que Ângelo gosta de mim, afinal eu mesma só tinha descoberto naquele mesmo dia.
-Quero dizer que o Ângelo é apaixonado por ti desde pequeno. – Explicou-me ela. – E posso apostar em como tu nunca percebeste.
-Não, nunca tinha percebido mas parece que era a única cega. – Respondi-lhe pensativamente.
-Então? O quê que vais fazer sobre isso? – A minha mãe perguntou-me sorridente.
-Não vou fazer nada, noutras circunstâncias afastar-me-ia dele mas prometi-lhe que não o faria. – Disse sem pensar.
-Ele declarou-se? – Questionou a minha mãe cada vez mais sorridente, parecia realmente animada com toda aquela historia, pena que eu não estivesse com o mesmo estado de espirito que ela. – Foi por isso que acabaste com o Henrique?
-Não. – Repliquei e antes que ela fizesse mais filmes resolvi contar-lhe o que tinha acontecido naquela tarde, ocultando a parte do beijo pois achei algo muito íntimo – curiosamente a primeira vez que beijei Henrique, a primeira coisa que fiz foi contar à minha mãe, não quis guardar isso para mim como quero guardar o beijo de Ângelo.
-E o Ângelo foi-se simplesmente embora? – Interrogou a minha mãe astutamente demonstrando novamente a sua expressão conhecedora que só as mães sabem fazer. – Tens a certeza que não aconteceu mais nada?
Sabendo que a minha mãe conhecia-me bem de mais acabei por lhe contar. – Nós beijamo-nos antes de ele se ir embora. – Disse-lhe num suspiro.
Com um sorriso compreensivo e sabedor na cara ela perguntou-me. – E como é que foi?
-Foi lindo, maravilhoso e super emocionante. Senti tudo o que sempre sonhei sentir quando beijasse o homem que amava. – Respondi-lhe um pouco sonhadoramente - cortem o “um pouco” eu devia parecer uma autentica pateta.
A minha mãe percebeu essa expressão e sorriu novamente. – Então isso quer dizer que o amas. – Concluiu a minha mãe por mim como se tudo estivesse claro como água.
-Não é tão simples assim, nós fomos melhores amigos desde sempre, se eu não tiver a certeza absoluta, não vale a pena nem sequer tentar, um romance só serviria para estragar a nossa amizade quando tudo terminasse. – Apontei racionalmente.
A minha mãe levantou-se da minha cama e disse antes de ser ir embora. – Tu é que sabes, mas pensa numa coisa, se tu não o amas como ele te ama vocês vão acabar por se separar, tu por te sentires culpada por não o amares como ele quer que tu o ames e ele por não aguentar mais estar perto de ti e não te poder tocar. É uma dura realidades, mas acredita, é a verdade.
Depois de a minha mãe se ter ido embora tornei a deitar-me na cama e a pensar em tudo o que ela me tinha dito e principalmente na última parte. Pôs-me a pensar como era possível, as coisas terem chegado aquele extremo.
Não conseguia pensar na minha vida sem ele, não conseguia sequer pensar num só dia sem ver aqueles sinceros olhos esmeralda, sem me rir da maneira desleixada e distraída de como que ele se vestia, sem ver o seu sorriso, sem ouvi-lo a meter-se comigo, ou seja, eu realmente não conseguia ver a minha vida sem ele.
Depois de pensar nisto tudo é que percebi que era isso mesmo que significava amor, não conseguir passar muito tempo sem essa pessoa, sem os seus defeitos e sem as suas qualidades. Essa verdade atingiu-me com a certeza de sempre ter amado Ângelo, só havia uma ou duas coisinhas que tinha de saber e fazer ( como por exemplo, voltar a beija-lo, tinha sido realmente incrível).
Levantei-me disparada da cama e saí o mais depressa possível em direção à casa de Ângelo. Quando a mãe de Ângelo e Henrique abriu a porta parecia muito surpresa.
 – Catarina, não espera ver-te nos próximos dias querida, o Ângelo comentou que tu ias andar desaparecida.
-Bom, Dona Isabel, ele enganou-se. – Sorri-lhe radiante, estava muito feliz agora que, finalmente, tinha posto os meus sentimentos em ordem e alem disso a descoberta do amor e sempre um motivo de alegria. – Ele está em casa? – Perguntei-lhe ansiosamente, esperava realmente que ele estivesse ou não ia aguentar, acho que ia explodir se não lhe conta-se, muito em breve, que também o amava.
-Sim, está lá em cima no quarto, ele hoje chegou a casa um pouco desanimado e trancou-se no quarto.
-Posso ir lá ter com ele?
-Podes querida, claro. – Saí disparada na direção do quarto dele, só parei quando bati com o nariz na porta. A porta estava trancada, algo  muito estranho, ele nunca tranca a porta.
Bati à porta e do outro lado ouviu dizer. – Não tenho fome, mãe.
-Não é a tua mãe. – Segundos depois a porta estava aberta e eu tinha o surpreso Ângelo á minha frente.
-Olá. – Disse quando ele não me tinha respondido nada.
-O quê que tu estás aqui a fazer? – Perguntou-me ele quebrando o silêncio inicial.
-Preciso de falar contigo.
-Achei que fosses demorar mais tempo. – Ouviu-o suspirar.
Assim que entrei e ouviu-o a fechar a porta atrás de mim perguntei-lhe. – Disseste que estás apaixonado por mim, como é que sabes? – Tinha que saber se ele realmente sentia o mesmo que eu.
Ângelo sentou-se na cama que estava à minha frente e só respondeu um tempo depois. – Sei porque mesmo que tivesse querido não conseguiria afastar-me de ti, porque quando estou contigo não consigo deixar de querer tocar-te, tu não imaginas como é difícil controlar-me e… - Ele parou, como se estivesse a por os sentimentos em ordem - Sei lá… É impossível de explicar um sentimento, sabes? Sinto um vazio no peito quando não estou contigo, sinto-me incompleto… É a melhor maneira que te consigo explicar. – Suspirou frustrado por não se conseguir explicar melhor.
-Explicaste bastante bem, obrigada. – O que ele tinha descrito era o que eu também sentia por ele. Já sabia que estávamos em sintonia nesse sentido só faltava passar para a próxima fase do meu “plano”.
Fui na direção dele, sentei-me no seu colo e beijei-o tão profundamente quanto consegui e deixei que ele percebesse todo o meu amor por ele através daquele beijo. Tal como na primeira vez o beijo foi tudo o que eu sempre tinha sonhado.
Um tempo depois Ângelo separou os nossos lábios e encostou a testa à minha. – O que isto significa? – Perguntou-me um pouco a medo, percebi que não queria ter esperanças para não sofrer ainda mais se eu não quisesse nada com ele, achei que isso tao fofo que depositei um leve beijo nos seus lábios antes de lhe responder.
-Oh! Queria saber se o que tinha sentido no nosso primeiro beijo tinha sido verdade ou apenas um sonho. – Ele olhou para mim confuso. Ri-me suavemente e esclareci-lhe. – E foi, também, para te mostrar o quanto te amo.
Os seus adoráveis olhos verdes brilharam e aí sim podia-se dizer que pareciam esmeraldas. Ele não cabia em si com tanta felicidade e esperança de que eu estivesse a falar a sério. – Estás mesmo a falar a sério? – Abanei com a cabeça afirmativamente. – E como é que percebeste?
-Não consegui imaginar a minha vida sem ti. – Declarei-lhe feliz com um sorriso enorme na cara, Ângelo com um sorriso igual ao meu ou ainda mais rasgado pegou em mim ao colo, deitou-me na cama e depois cobriu-me de beijos e sussurrou montes de promessas apaixonantes e fofas.
E nesse momento percebi que sempre tinha procurado pelo meu príncipe encantado no sitio errado. Ele sempre tinha estado comigo, eu é que tinha sido demasiado cega para o ver, felizmente tinha recuperado dessa cegueira a tempo para ser feliz.


Fim.   






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